Saudades e gratidão: 250 mil pessoas se despedem do Papa Francisco em funeral no Vaticano
Celebração no Vaticano destacou legado de paz e fraternidade do pontífice, e se estendeu por Roma em cortejo inédito em 100 anos

O papa Francisco foi sepultado neste sábado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Ele se torna o primeiro pontífice em cerca de 100 anos a ser enterrado fora do Vaticano.
Um cortejo fúnebre levou o caixão do papa para a Basílica de Santa Maria Maggiore. O próprio pontífice pediu para ser enterrado lá onde ele escolheu para ser sepultado.
O funeral começou com a Missa de Exéquias, uma celebração dedicada aos fiéis que faleceram. De acordo com a agência de notícias Reuters, a celebração deveria ser concelebrada por 220 cardeais e 750 bispos e padres perto do altar, além de outros 4 mil padres na praça.
As autoridades limitaram o número de pessoas permitidas na Praça de São Pedro, com muitos enlutados reunidos atrás de barreiras nas bordas.Um amplo corredor de segurança também foi estabelecido na divisa do Vaticano com a Praça Pio XII para permitir a circulação das autoridades.
Caixão do papa é levado para Praça de São Pedro
O caixão do pontífice foi fechado na sexta-feira (25), em uma cerimônia fechada com cardeais.
Ainda de acordo com a Santa Sé, cerca de 250 mil pessoas compareceram ao velório de Francisco e se despediram do líder da Igreja Católica.
Um Livro dos Evangelhos foi colocado em cima do caixão fechado do papa Francisco que foi carregado pelos Cavalheiros de Sua Santidade – mordomos ou criados do papa.
Papa teve “coração aberto a todos”, diz cardeal em homilia
O cardeal Giovanni Battista Re disse durante a homilia da missa do funeral que Francisco foi um “papa entre o povo, de coração aberto a todos”.
“Rico em calor humano e profundamente sensível aos desafios atuais, o Papa Francisco compartilhou verdadeiramente as angústias, os sofrimentos e as esperanças desta época de globalização”, destacou Re.
Ele afirmou ainda que os gestos do pontífice em favor dos refugiados e deslocados são “incontáveis”.
“Sua insistência em trabalhar em prol dos pobres foi constante”, continuou o cardeal, observando que a primeira viagem de Francisco como papa foi a Lampedusa, uma ilha italiana no Mediterrâneo que há muito tempo recebe milhares de pessoas que cruzam a fronteira do norte da África.
“Diante das guerras devastadoras dos últimos anos, com seus horrores desumanos e inúmeras mortes e destruições, o Papa Francisco elevou incessantemente a voz implorando pela paz, apelando à razão e convidando à negociação honesta para encontrar soluções possíveis” continuou.
O cardeal pontuou ainda que “a guerra sempre deixa o mundo pior do que era antes: é sempre uma derrota dolorosa e trágica para todos”.
“O Papa Francisco costumava concluir seus discursos e encontros dizendo ‘não se esqueçam de rezar por mim’. Caro papa Francisco, agora pedimos que reze por nós”, afirmou.
“Que o Senhor abençoe a Igreja, abençoe Roma e abençoe o mundo inteiro, como fez no domingo passado, da sacada desta basílica, em um abraço final com todo o povo de Deus, mas também abrace a humanidade que busca a verdade com um coração sincero e ergue a tocha da esperança”, concluiu.
Oração em diversas línguas e comunhão
O cardeal Re proferiu a Oração dos Fiéis, também chamada de Oração Universal.
O que aconteceu em seguida marcou uma mudança em relação aos funerais papais anteriores. Os cardeais proferiram uma breve oração em seis idiomas: italiano, francês, árabe, português, polonês, alemão e mandarim.
Foi a primeira vez que o mandarim foi incluído em um funeral papal.
“Por nós, aqui reunidos, para que, tendo celebrado os sagrados mistérios, possamos um dia ser chamados por Cristo a entrar em seu glorioso reino”, leu o Cardeal Agostino Liu Bo.
Durante seu papado, Francisco expressou seu desejo de visitar a China, e o Vaticano tem tentado, nos últimos anos, estreitar seu relacionamento com Pequim.
Mais tarde, os sacerdotes e outros celebrantes distribuíram a hóstia, também chamada de Sagrada Comunhão — o pão e o vinho, representando o corpo e o sangue de Cristo — entre os cardeais.
Após receberam, a hóstia foi distribuída entre a multidão de fiéis, buscando chegar ao máximo de pessoas possíveis.
Cortejo fúnebre e sepultamento do papa Francisco
O papa será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, fora do Vaticano. Após a Missa de Exéquias, haverá um cortejo fúnebre “em ritmo de caminhada”.
O último papa a ser sepultado fora do Vaticano foi Leão XIII, que morreu em 1903.
O percurso tem cerca de 5,5 km de extensão e inclui muitos monumentos de Roma, como o Coliseu.
Um grupo de pessoas pobres estará presente na escadaria que leva à Basílica de Santa Maria Maggiore para prestar suas últimas homenagens a Francisco, refletindo sua devoção ao serviço dos pobres e oprimidos durante seu pontificado.
O sepultamento será uma cerimônia privada, mas as visitas ao túmulo serão permitidas logo a partir do domingo (27). O túmulo terá apenas a inscrição do nome latino “Franciscus”.
O que acontece após o sepultamento do papa Francisco?
O funeral papal marca o primeiro dos nove dias de luto da Igreja global.
Outra missa de luto será realizada na Praça de São Pedro no domingo (27). A reunião será liderada pelo cardeal italiano Pietro Parolin, frequentemente visto como um dos principais candidatos ao papado.
Nos próximos dias, o Vaticano anunciará a data para o início do conclave que escolherá o sucessor de Francisco. A previsão é que a cerimônia tenha início entre 6 e 11 de maio.
*Com informações da CNN
Portal Diário do RN.
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